27 maio 2010

a outra face

você tenta por vezes se esconder,
aderir ao mundo criminoso,
se isolar da publicidade sobre sua pessoa,

mas ao virar a outra face,
renasce o mesmo à toa!

Caminhos iguais, nada diferentes
respostas formais, nunca contundentes.

você tenta por vezes se esconder,
aderir ao mundo lacrimoso,
se aproveitar da bondade que lhe ressoa,

mas ao virar a mesma face,
renasce a outra pessoa!

24 maio 2010

escrevinhando

sinto-te entremeios
entre meus veios
sinto-te por teias
em minhas veias

testas-me com cores
entras em minhas dores
tenta-me com ceras
enceras meus amores

escrevinhas minhas galerias
golfas minhas alegrias
expurgas minhas alergias
folgas minha apatia

executas minha sorte
escutas minhas mortes
expulsas-me de meu lazer
para o pulso de teu belprazer,
de teu gosto devem ser.

atalho, saída, escotilha, revés

atalho,
quebra-galho,
funcional estalo

saída,
pelo ralo,
de partida.

escotilha mínima,
no caso raro de
que seja lembrada

o revés,
ao invés,
foi só cilada.

recusa

os anos seguiram,
e, pálido, observei,
que fui o que menos mudou de todos,

dentro de meus pensamentos
renegava e conflitava-me com tudo isso,

porém, ao notar o desdém da pós-balzaquiana,
da platinada sofrida,
e o sorriso da nova aderente à vida a duas,

uma verdade sólida, vi em frente a mim:
muda, rapaz, muda.

21 maio 2010

Revira Voltas

parece não passar,
parece não voar,
o tempo

parece não querer,
usar do seu mudar,
com os ventos.

pareço não notar,
pareço não visar
o vento.

pareço não querer
usar do meu cantar,
passar o tempo.

pareces não amar,
pareces não sondar,
o quanto

pareço te chamar
usar do meu clamar
por pranto,
usar do meu amar
tanto, tanto.

decepção 2 a zero (chave de ouro das não-resoluções)

compartilhei as minhas mágoas
as nossas treguas nunca vinham
articulei as minhas férias
as nossas flores, definhavam

e reparei em minhas tônicas
as nossas táticas nunca vingam
revigorei as minhas fúrias
as nossas flâmulas, definhavam

equiparei as minhas lágrimas
com tuas lâminas de dores
reajustei as minhas óticas
as nossas fábricas, derrubadas

decepção
dois a zero
fim do ferro
e da ambição

colisão
dos erros,
berros
na escuridão.

19 maio 2010

o dia de amanhã

ei, irmão, calma
quem te admira
será teu admirador sempre
quem te inveja, não terá jeito que dê

descuidos não são más-intenções
apelações, sim
destroços são mais partições
descansos, não.

17 maio 2010

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA

contrariou a parceira, amigo
reforçou o "digo, contradigo"
pisou na bola,

vacilou na escola do "segundo"
percorreu o mundo
em busca de soluções,
mas os soluços, entre opiniões, resistem.

de onde espera tirar forças,
surgem forcas do destino,
desatinos diversos,
inquilinos perversos,
adversidades.

de onde esmurra para descontar aos poucos,
surgem pipocos loucos,
atrativos controversos,
tinos de regresso,
inferioridades.

só lhe resta clamar a Deus, que chame os Bombeiros da Alma,
que leve a Lua Luz da Calma para mentes incisivas,
montes radiotivos,
complexidades.

TÁNACARA

tánacara
acurafoi
foiejura
quenaooé

tánacara
tanajura
juretudo
furelogo

acuraera
jaerasim
eradoida
doidafim.

16 maio 2010

carta de encerramento

pra começo de conversa
não é fim, é viceversa
tanto faz como tanto fez
já perdeu mais uma vez

pra começo de proposta
não é flor, só pura crosta
tanto quis que nunca teve
não voou, só se reteve

no encerramento do fim
sobram as dores, sim
sobram amores que nunca ficaram
muitas prometem, poucas encaram

no enceramento do sim
sobre as rotas de quem
sobre as cotas do sem
novo compromisso.

ATENÇÃO PERDIDA

no ponto de partida
dei a saída,
e não me dei conta da chegada,
ficou atravessada, ali, a minha indecisão.

no ponto de ida,
girei a chave, dei a volta e parti:

na trave!

e não me dei conta do entrave,
ficou estatelado, ali, de prontidão.

dissonante, perde a noção,
inda que tente ter razão,
segue dolente, desatenção.

osciloscópio

Nota: Instrumento que permite detectar e observar oscilações.

Aqui o sinal varia tanto,
deixa-me tonto, devastado
Aqui o final seria torto
deixa-me ao ponto, libertado

Aqui o canal verte pranto,
deixa-me conto, perenizado
Aqui o tonal seria canto,
deixa-me às pontes, gradeadas

Interações,
Oscilações incontáveis,
Opções descartáveis.

Aqui o astral varia tanto,
deixa-me ogro, esquentado
Aqui o final seria torto
deixa-me a postos, torturado

Aqui o canal verte pranto,
deixa-me conto, perenizado
Aqui o virginal seria espanto,
deixa-me aos pratos, esmigalhados.

guia prático de orientação à distância de minhas mãos com as tuas

usuária,

se digo que: prossiga! e paras,
se afirmo que és tudo!
e escancaras,
que não, nunca, jamais serás...

o que está escrito, lerás?
repito, ouvirás?
insisto, saberás!

Não era nada disso.

what comes around, goes around (ou o Tratado de Newton)

Sábio foi ele,
maçãs ao céu!

Hoje sou a cesta do teu léu
descontroladamente inconformado....

e sigo de volta ao ciclo de mesmice
que me tirou da chatice
e me pôs no caos

dos maus e dos bons,
sou nada mais do que nada demais.

oração pra dormir

papai do céu, que velais minha cama
abençoado seja o vosso sono,
venha o nós o travesseiro,

seja feita a vossa vontade,
assim na fronha como na colcha

o sono nosso de cada noite nos venha agora,
perdoai os meus roncos,

assim como perdoamos os mosquitos enxeridos,
e não nos deixeis assaltar a geladeira,

cor de cereja,

assim seja.

APENAS O FIM

é o cúmulo do topo
dos tapas torpes,
das pontas planas e pontiagudas


das escusas agudas,
das justificativas, das feridas
escancaradas

quis até contemporizar
reconhecer minha limitação,
mas eis que surge a revelação:
nunca te quis, caia fora.

tens razão!

Foram poucos segundos,
45 talvez
com maior impacto que o da carabina
a menina, declarou-me de vez:

"Não gostei de sua conduta
Não desejo ser puta
Nessa disputa entre quem tem ou não a rez"

"Não desejo ser incomodada
prefiro ficar ali, calada
para me achar ou me perder de vez"

O que posso responder que compense
afinal, a dança decadence
já se iniciou, não vês?

Será a melhor resposta estar quieta,
em vez de se buscar estar mais completa,
entre amigos, resolver os porquês?

Será o melhor caminho estar sozinha,
Nem na sua, nem na minha,
entre intrigas, entregar-se ao não-sei-o-quê?

Deus que guarde tua reclusão
Te dê nova visão,
Te reabilite o sorrir,
Te ajude na missão,
do construir,
nisso, Tens Razão!

dores de maio

dizem que é da idade
ciclo natural
felicidade à toa
algo casual

dizem que é do momento
pico eventual
coisinha boba
nada normal

essas cores me acometem
me remetem ao que não me abandona
dores de maio
vão e vem à tona

dizem que é mágico
algo sobrenatural
delirium tragicus
típico intencional

dizem que proporciona
amadurecimento
pena que estaciona
o bom sentimento

09 maio 2010

mais terna

mais terna do que a dor é
a flor, a visão interna
a cor que governa
por tempos infindos


mais esta do que aquela
mais bela do que as telas
que separam idas e vindas

mais terna do que a que a ama
por querer, por devoção extrema
mais pungente que o canto da passarada
revoa, inflama, desenpena

traz alívio e me chama
pela alcunha mais terna
minha terna,
mãe.

04 maio 2010

poesia é coisa nenhuma

poesia, ora pois!
deixo pra agora
não pra depois

coisa de ser
de escrever
a história de dois
que não sabem
se sabem
ou se querem saber
a oportuna hora

poesia é coisa nenhuma
nada a mais
só desfaz as vidas
em uma,
realidade em coisas irreais

poesia é lousa,
espuma invasora
dos canais
só transforma as dúvidas
em cousa,
urbanidade em bacanais.

03 maio 2010

precipitados

precipitados são
malucos
molhados
merlins

não são doídos
nem se estrepam
por aí

só erram um pouco
a mira
e esmurram o erro
sem precisão

precipitados querem
loucas
úmidas
magas preta lógicas

não são doidos
nem trepam por aí
por aí

só enterram um tudo
na marra
e esmurram o conteúdo
sem garra

iminente

é pulsante, pungente
faz gosto ver
incessante,
presente

tem que ter!

é gostoso,
diferente
faz juz de ser
interessante,
contente

tem que ler!

é iminente o estado
basta crer
é iminente o retardo
Não vai acontecer.

O ENSINO PERFEITO

mudei a visão do que é ensinar
ensinar é a vontade constante de conversar
de trocar idéias
de se ajudar mutuamente

todos somos professores uns dos outros


ensinar não impõe
me propõe, supõe, bate papo

sem supapo


não tem contrato
se dispõe
se contrapõe
ao impacto
negativo, ao destrato


ensinar é a troca mais prazerosa que existe
é ouvir
e acatar
é sentir
e concordar
é um grande exercício de amor

ensinar nos ensina
que não há sina
no amar ao próximo.

*Gustavo Footloose e Luiz Cláudio Pimentel (República do Pensamento)

02 maio 2010

velha rotina espelho

velha rotina espelho
cela cafetina zelo
descuidado

velho desatino parelho
tela parafina pelo
escaldado


velho destino apelo
velho clandestino
conselho
que não vou seguir

velho destino fedelho
velho clandestino
ferro-velho
que está em mim

hipocrisia

os sorrisos já não bastam
as vitrines se espalham, assim
cores, notas, dores mortas
velhas novidades, estopim


hipocrisia
o que decora o jardim
o que escora o marfim
de vidro

o que soterra o jasmim
o que reforça o meu
indivíduo


eu colaborei pra isso
eu colaborei pra isso
ser assim


os amigos já não prestam
os vizinhos se estranham, sim
flores, pautas, furores comportas
centelhas brevidades, estopim

hipocrisia
o que implode o capim
o que borra o bom fim
do passo

o que censura serafins
o que implora por fins
fracasso.

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